📲 A nova infância digital: quando a publicidade aprende a falar como criança
- Manoella De Melo Rufino
- 27 de out.
- 2 min de leitura
A geração que cresceu deslizando o dedo na tela vive cercada de estímulos vídeos curtos, influenciadores carismáticos, jogos envolventes e, entre tudo isso, anúncios tão bem disfarçados que até os adultos têm dificuldade em perceber.
A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025 revelou um dado que preocupa: mais da metade das crianças e adolescentes brasileiros é impactada por publicidade digital, muitas vezes sem saber que está sendo influenciada.
Um clique, mil gatilhos
As marcas já entenderam que o público jovem é um dos mais poderosos quando o assunto é consumo. Só que agora, a propaganda não grita ela sussurra. Vem disfarçada de desafio no TikTok, de recomendação “espontânea” em um vídeo de gameplay ou até de brincadeira em um app gratuito.
A mesma pesquisa mostrou que 51% dos jovens já pediram algo que viram online, e 45% dos responsáveis afirmaram que seus filhos foram expostos a conteúdos impróprios, como apostas e produtos adultos.
O impacto não é só no bolso. É emocional, social e até cognitivo. Crianças e adolescentes estão formando identidade em meio a um fluxo constante de mensagens comerciais, moldadas por algoritmos que conhecem seus gostos melhor do que muita gente próxima.
Publicidade 2.0: quando o produto é o comportamento
A publicidade tradicional vendia produtos. A nova publicidade vende estilos de vida e faz isso com precisão cirúrgica.As plataformas identificam padrões de comportamento, preferências, horários e até expressões faciais, ajustando o tipo de conteúdo que aparece na tela.
O resultado é um ciclo de influência quase invisível, no qual o jovem acredita estar apenas “descobrindo algo novo”, quando na verdade está sendo direcionado a consumir, seguir e repetir padrões.
E se engana quem pensa que o problema é só a exposição: quanto mais o conteúdo se mistura com o entretenimento, mais difícil fica separar o que é diversão do que é persuasão.
A infância em modo online
De acordo com a pesquisa, 92% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usam a internet no Brasil. Muitas vezes, passam horas conectadas sem supervisão, aprendendo, se divertindo e sendo impactadas por centenas de mensagens publicitárias todos os dias.
É uma geração que cresce entre “likes” e “ads”, desenvolvendo hábitos de consumo antes mesmo de entender o valor do dinheiro.
Mas há um lado positivo: essa mesma geração também é mais crítica, curiosa e criativa. Quando incentivada, aprende rápido a questionar, filtrar e até criar o próprio conteúdo de forma consciente.
Educação digital: o desafio do agora
O equilíbrio está em educar para o digital, não apenas restringir.Falar sobre consumo consciente, publicidade e redes sociais de forma leve, próxima e realista. Mostrar que o que aparece na tela nem sempre é espontâneo e que tudo ali tem um propósito.
Mais do que proteger, é preciso preparar.Afinal, a publicidade não vai desaparecer. Mas pode e deve evoluir junto com a consciência de quem a consome.
🧭 No fim, a verdadeira revolução digital é aprender a navegar com propósito. Porque crescer conectado não precisa significar crescer manipulado.
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